Escama #6 | Na Estrada Real a Paraty
Sentimentos às vésperas do lançamento de Escamas de Mil Peixes
Caminhos íngremes
e tortuosos
na Estrada Real
a ParatyQueimamos as pastilhas
dos freios
e do medoNa Serra da Bocaina
escoamos sonhos
feito ouro
Esse meu poema é de 2021, escrevi enquanto descia a Estrada Real a caminho de Paraty. Não ia à FLIP, e só passaria por Paraty, era uma viagem em família de final de ano a Pouso da Cajaíba. Escrevi no carro, entre umas e outras mamadas da Teresa, que tinha apenas alguns meses de vida.
Hoje, prestes a ir novamente à Paraty, e dessa vez para a FLIP (pela primeira vez), vejo quanta coisa mudou, mas como esse poema serve ainda mais para esta ocasião. Curioso isso. As estradas tortas da vida nos ensinam que estamos sempre em movimento, mesmo quando achamos que não estamos. E que também o tempo não é uma linha contínua: dançam passado, presente e futuro nos para-brisas e nos retrovisores.
Naquele dia, eu escrevi este pequeno poema, e jamais poderia imaginar que a minha volta seria para lançar um livro. Um primeiro livro singelo que espero que continue abrindo portas de coragem em mim.
Olhar para frente sem ver a estrada exuberante que ficou para trás é tão vazio quanto só olhar para trás e deixar de perceber a maresia a cada curva.
Imagino uma linha entre: o que foi vivido | o que será vivido, e noto: viver está igualmente flexionado no particípio. De certo modo, o que “fomos” e o que “seremos” se enlaçam, se misturam, e formam o que “somos”.
Então o presente é esse estado sui generis, em que devemos dosar passado e futuro: uma gota a mais de futuro-presente é uma gota a menos de presente-passado, e responder às angústias do passado com as esperanças do futuro, e à ansiedade do futuro com as conquistas do passado. Eis a minha fórmula para evitar atropelamentos.
Que o caminho dos sonhos seja a rua de nossas casas.
E bora pela Estrada REAL rumo à Paraty, lançar um livro durante essa festa maravilhosa que é a FLIP, reencontrar muita gente querida, e conhecer pessoalmente muitas e muitas outras
Observação relevante: no intervalo de 2020 para cá eu completei de uma vez a tríade dos afazeres antes de morrer - tive uma filha, plantei algumas milhares de árvores no campo (muito queijo e horta também), e escrevi um livro! Espero ter tempo de multiplicar essas ações antes de morrer, mas já estou muito satisfeita e feliz.
Vocês verão que meu “Escamas” é também sobre essa multiplicação.
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Minha agendinha por lá:
24/11 (sexta-feira) às 17hs - lançamento do Escamas de Mil Peixes na Casa Gueto.
24/11 (sexta-feira) às 21hs - sarau do Coletivo Escreviventes na Casa Ópera.
terei também poemas nas coletânea de Poesia do Prêmio Off-Flip 2023, na antologia “Nós”, também pelo Selo Off-Flip, e em “A Mulher não sou eu” da Editora Mondru
também estarei gastando muita sola de chinelo pelas tantas programações oficiais e paralelas da feira.
Até lá!
E para quem não vai, o livro Escamas de Mil Peixes está na pré-venda apenas até o dia 27/11 no site da Editora Patuá: https://www.editorapatua.com.br/escamas-de-mil-peixes-poemas-de-maite-lamesa/p
em breve também terei exemplares e poderão adquirir diretamente comigo!
e já dou um spoiler : teremos lançamento também em SP no dia 09/12 (sábado) na Livraria Patuscada. Então anota na agenda e vamos prosear por lá também, vai ser lindo.
Maitê Pereira Lamesa é natural de Jaú/SP, mãe, advogada (UEL), mestra em Relações Internacionais (Programa San Tiago Dantas - UNESP-UNICAMP-PUC/SP). Atualmente reside em São Paulo, alternado com períodos na zona rural do interior de São Paulo. Começou a publicar seus escritos em outubro de 2022, desde então teve alguns poemas publicados em revistas digitais e selecionados para antologias futuras. O livro Escamas de Mil Peixes será seu livro de estreia.